segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A tristeza permitida

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões - se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar a tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?
Você vai dizer "te anima" e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.
Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.
A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.
Depressão é coisa muito mais séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente - as razões têm essa mania de serem discretas.
"Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago de razão/ eu ando tão down..." Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. "Não quero te ver triste assim", sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinicius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor - até que venha a próxima, normais que somos.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Casamento aberto

domingo, 21 de dezembro de 2008

Casamento aberto não é aquele escancarado e vulgar, em que todos se expõem, se machucam e acabam ainda mais frustrados. Casamento aberto é outra coisa, e pode inclusive ser monogâmico e muito feliz. A abertura é mental, não precisa ser sexual. É entender que com possessão não se chegará muito longe. É amar o outro nas suas fragilidades e incertezas. É aceitar que uma união é para trazer alegria e cumplicidade, e não sufocamento e repressão. É ter noção de que a cada idade estamos um pouquinho transformados, com anseios e expectativas bem diferentes dos que tínhamos quando casamos, e quem nos ama de verdade vai procurar entender isso, e não lutar contra. Sendo aberto nesse sentido, o casal construirá uma relação que seja plena e feliz para eles mesmos, e não para a torcida. E o que eles sofrerem, aceitarem, negociarem ou rejeitarem terá como único intento o crescimento de ambos como seres individuais que são.
Enquanto não renovarmos nossa idéia de romantismo, continuaremos a bagunçar aquilo que foi feito apenas para das prazer: duas pessoas vivendo juntas. Eu não conheço nada mais difícil, mas também nada mais bonito. E a beleza nunca está nas mesquinharias e infantilidades. A beleza está sempre um degrau acima.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Chegada

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Chegou como quem chega pra ficar
Chamou meu nome, me estendeu a mão
E perguntou-me se eu queria ir
Um pouco mais além do que já pude ir

Não sei dizer ao certo como foi
Tampouco sei o que Ele viu em mim
Só sei dizer que já não posso mais
Ser o que sou se Ele não for em mim

Venha ver, conhecer
Este Deus que mudou minha vida
Venha ver o que Ele fez, o que faz
e o que sempre fará
Mudando a história

Um Deus que é amor
Que não se prende no que a gente não alcançou
Mas põe seus olhos no que a gente ainda viverá
E faz da esperança o sol da vida inteira

Um Deus que se inclina ao chão
E faz chegar aquele que não soube achar
Fazendo ver quem antes não podia ver
Podendo alcançar a luz quem se perdeu no escuro

Um Deus que preferiu
Trocar mil reinos por meu pobre coração
E na proeza de me amar sem ter razão
Me ensina amar também,
cessando a solidão.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Naquele tempo, em Desatino do Sul...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"Assim que escurecia, Apolo Onze se escondia em algum canto afastado e ficava lá sozinho, olhando a lua, tentando inventar motivo para querer.
É claro que todos os dias apareciam motivos, mas ele não via.
É o problema de quem pensa na frente.
Às vezes perde alguns agoras.
Que jeito?
Quando ia dormir, Apolo Onze ficava muito constrangido de deixar a lua lá no céu sem companhia. Todo mundo vivia tão distraído com a festa que não tinha tempo sequer de lembrar que ela existia.
"Em algum lugar, alguma pessoa sozinha talvez esteja também olhando para a lua", ele pensava. Mas não estava convencido disso.
- Boa-noite e boa sorte, Lua - dizia antes de pegar no sono.
E sempre acordava com aquela banda tocando.
E o pessoal todo dançando.
Ô pessoal animado.
E a festa ia fervendo.
E o tempo ia passando."

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Família?!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Como tem gente covarde e babaca no mundo. Gente da própria família, que consegue ser falsa, mesquinha, idiota. Que não reconhece o que os outros fazem e só querem se aproveitar, só dão atenção quando precisam de algo... Fazem as merdas e depois agem como se nada tivesse acontecido. Isso me revolta TANTO! Quero que se danem.. É da minha família, é. Mas a partir do momento em que prejudica a mim e aos meus familiares mais próximos, como meus pais e meus avós, eu quero é que se foda, literalmente. Não sou de desejar mal a ninguém, ninguém mesmo, nem a essas "pessoas". Eu só rezo muito pra que eles fiquem em paz, longe de mim e que um dia TUDO volte pra eles e que esses panacas voltem rastejando pra quem se humilhou por eles (Opa, acho que isso é desejar mal!). Pra quem fez de tudo pra evitar discussões, pra quem os agradou sem pedir nada em troca, afinal é isso que faz uma família. O que eu mais desejo agora é que eles reconheçam, pelo amor de Deus, tudo o que eles estão fazendo de mal pra todo mundo, que estão errados.
Eu sei que Deus é justo, e muito. Sei que ele perdoa e que em meio ao sofrimento ele nos ampara e quando menos esperamos ele nos prepara uma surpresa pra "substituir" a tristeza anterior. Já tive muitas experiências desse tipo. Mas eu espero que ele seja rápido quanto à essa justiça que eu tanto espero, porque senão eu não vou aguentar. E talvez acabe decepcionando alguém e até a Ele por tanta raiva e ações precipitadas. Já aguentei demais dessas pessoas, todos já tiveram que aguentar. Não vou permitir nenhuma definhação de algum outro familiar enquanto essa gentinha passa por cima como se fôssemos estrumes.
Como disse em outro post, sou a favor de sacrifícios pra que se tenha uma família inteira unida.. Mas é preciso que, além de mim, outros também façam esses sacrifícios. E isso tá difícil. Agora quem não quer se sacrificar sou eu, e mais um monte de gente. Até quem não é da família anda ignorando essas pessoas, e isso é TÃO triste... Ver uma criança crescer dessa maneira, nesse meio. E o pior é que a maioria sempre tem mais razão..

O espírito da coisa

"Você sempre pega o espírito da coisa? Geralmente o espírito da coisa é algo que fica subentendido, só as almas atentas conseguem captá-lo. A verdade é que, em um mundo cada vez mais pragmático, é difícil pegar o espírito da coisa, seja que coisa for essa.

O que dizer então do espírito do Natal? Antes ele entrava no ar assim que dezembro iniciava. O espírito deste mês, para quem foi criança em outros tempos, era de pura magia. O Natal, que demorava tanto para chegar, estava batendo à porta. “Quantos dias faltam, mãe?” “Agora falta pouco, querida.” “Quanto?” “Uns 20 dias.” “Tudo isso?!!”

Mas a gente sabia que era pouco se comparado à longa espera de um ano inteiro. Em maio, junho, julho, o Natal ainda estava a perder de vista. Natal era o arremate do calendário, era a compensação por tanto estudo e provas na escola, era o prêmio por termos nos comportado bem, era a hora de colocar uma roupa bonita e ter algum desejo atendido, era hora de comer umas delícias diferentes, de rezar, de acreditar em todos os sonhos. O céu ficava mais azul, as estrelas se multiplicavam e nunca, nunca chovia em dezembro. Então finalmente chegava o dia 24. A empregada era liberada logo depois do almoço, o pai voltava mais cedo pra casa e nenhum moleque reclamava de ir pro chuveiro, até gostava. Já de banho tomado, era hora de esperá-lo. Ele. O verdadeiro deus de toda criança, Papai Noel.

Hoje mal entra dezembro — e com ele, trovoadas — e os shoppings lotam, o trânsito entope, os filhos pedem coisas caríssimas e ganham antes mesmo da noite feliz. Comprar, comprar, comprar. Você, meio sem grana, faz o que pode. Os outros, meio sem nada, você faz que não vê. Mas eles estão entre nós: crianças pedindo um lápis de presente, pedindo colchão de presente, sonhando com o primeiro iogurte de suas vidas. E a gente voando de um lado para o outro, sem tempo pra eles.

Isso tudo foi até ontem, quando dezembro acabou. Ao menos este dezembro insensato, ansioso, consumista, ateu, que dura 24 dias febris, onde todos correm, todos estão atrasados, todos têm compromissos inadiáveis. Uma amiga me escreveu no auge do estresse: “Pensar que o próximo será só daqui a um ano é a melhor parte da história”.

Antes de começar a contagem regressiva para o próximo, temos hoje. Temos este hiato, o dia 25. Um feriado, um domingo, uma trégua. As lojas estão todas, todinhas, fechadas. Sobrou alguma coisa da ceia para beliscar na geladeira. Você vai sentir sede de suco natural, de água gelada. Vai colocar música pra tocar, vai vestir uma camiseta limpa. Você não tem nada pra fazer, nenhum motivo pra tirar o carro da garagem, nenhuma razão para procurar vaga para estacionar. Hoje você vai andar a pé, no máximo de bicicleta. Vai falar mais pausadamente. Não vai ligar a TV, prometa. Nem sei por que abriu o jornal. Hoje é dia de caminhar devagar, de chinelo ou pés descalços. Dia de olhar bem fundo nos olhos do porteiro que está trabalhando, do motorista de ônibus que está trabalhando, e desejar a eles um feliz Natal pra valer. Com sentimento. Um sentimento que não seja medo nem angústia.

Paz.

É hoje o dia que nos restou pra isso. Um dia para sairmos de casa apenas para ir até alguém que nada possui e ofertar um pedaço de bolo, uma barra de chocolate, um travesseiro, um sabonete, uma bola, qualquer coisa que signifique uma verdadeira extravagância diante de tanta miséria. Terminou a histeria coletiva, terminou a festa, terminou a semana. É hoje, antes que tudo reinicie, que você poderá encontrar o verdadeiro espírito da coisa. Não deixe que ele escape."


(Martha Medeiros)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A Moça do Sonho

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

"Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais"

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Estudar pra quê?

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ninguém nunca tem saco de ficar estudando o tempo inteiro, mas não há nada melhor do que a sensação de que você tirou uma nota MUITO boa quando você precisa MUITO! Pra quê estudar se vai morrer? Também não sei pra quê. Você adquire todo seu conhecimento, seu saber, suas idéias, sua inteligência, suas percepções, seus cálculos, pra quando morrer, tudo ser esquecido. Falando em esquecido, acho que foi justamente pra isso que os estudos passaram a existir: pras pessoas MUITO inteligentes, que ficaram sabendo de certas coisas sem ajuda nem ensinamento de ninguém, serem sempre lembradas. Porque essas sim merecem ser lembradas. Gente que do nada pensa em algo e começa a elaborar coisas sobre esse algo, sem a interferência de ninguém. São todos um bando de loucos, mas que, no fim, acabam por serem lembrados por séculos e séculos.

Oras, se é só por isso que a gente tem que estudar (pra lembrar dos feitos dos caras), então por que provaaas? Tudo seria tão mais fácil se nós aprendêssemos tudo como uma simples curiosidade, como um fato interessante... Com certeza lembraríamos muito mais de coisas que nos interessam do que lembrar tudo com direito à toda essa pressão.

Eu hein, conversa de maluco! Será que vou terminar que nem um deles? HAHAHAHAHAHA

domingo, 9 de novembro de 2008

Família, família (...)

domingo, 9 de novembro de 2008

Ontem presenciei algumas coisas em um bar à noite e fiquei pensando sobre como é bom manter um relacionamento, pelo menos "estável", com a família.
Tudo bem que família sempre discute, tem sempre um chato ou um errado pra atrapalhar, mas mesmo assim... Família é família e pronto. A graça é discutir e depois cair na risada de tudo. A graça é pedir desculpas com um abração.. O mesmo de alguns anos atrás.
A minha família não é perfeita. E tive sérios problemas com uma pessoa dela e deixei de falar com a mesma por bastante tempo. Não que tenha me feito algum mal, mas prejudicou a todo mundo com as suas atitudes autoritárias, ao mesmo tempo em que ela deveria ser a última a ter esse direito. Guardei muitas mágoas dela... Todos a perdoaram, mas eu, não; Eu continuei firme e forte. Até que entrei pra Crisma e tudo mudou.
Hoje em dia, sei como é ruim não ter uma família. Como é triste deixar que coisas imbecis atrapalhem o relacionamento familiar. Mesmo que seja um supermegaproblema, é preciso saber reconciliar, perdoar. E estou aprendendo a conviver muito bem de novo com essa pessoa, já trocamos informações, músicas etc. Lógico que nunca mais será tudo 100% entre nós duas, mas só de podermos conviver uma com a outra já melhora muito a situação!
Conheço uma família assim. Que por causa de dinheiro se desmembrou. Cada um foi pro seu canto. E outro dia mesmo vi uma pequena reconciliação depois de tanto tempo nessa família, e foi tão alegre. Houve ali o reconhecimento de que não valia a pena tudo aquilo que eles estavam passando. Já tiveram tantos momentos bons, divertidos, carinhosos. Por que não tentar de novo, e de novo, e de novo, e quantas vezes forem precisas?
Por uma família unida tudo vale a pena, porque, tenha certeza, quando você precisar, é neles que você vai querer se apoiar.

sábado, 8 de novembro de 2008

Acho que já é a 500ª vez que tento escrever em um blog. Mas acontece que adoro ver a capacidade das pessoas de escrever sobre seu dia e suas reflexões. Então cá estou eu, mais uma vez, digitando nem que seja pra mim mesma.

Ando numa fase felicíssima da minha vida. Quem me conhece há muito tempo andou estranhando meu período solteiríssima cuja duração foi longa comparada aos outros períodos. Mas parece que Alguém lá em cima mexeu alguns pauzinhos e atendeu ao meu pedido de encontrar alguém DE VERDADE, que me merecesse e vice-versa. Voltei a ter sentimentos que se perderam ao longo de muito tempo... Aquele arrepio, aquela vontade de ter alguém a cada segundo do seu lado pra dormir juntinho, pra brincar, pra morder, pra gritar, pra ver tv, ouvir rádio, comer coisa ruim e coisa boa. Achei o Carlinhos. E ao longo do tempo esse blog vai ficar cheio desse nome! :)